ANS aprova cirurgia robótica para câncer de próstata: um marco histórico para pacientes e saúde no Brasil

Sistema de cirurgia robótica realizando procedimento para câncer de próstata em ambiente hospitalar moderno, com braços robóticos de alta precisão e equipe médica monitorando.

O que mudou — e por que importa

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou, em 5 de dezembro de 2025, a inclusão da Prostatectomia radical assistida por robô (PRAR) no seu Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde — o que torna essa técnica a primeira cirurgia robótica com cobertura obrigatória pelos planos de saúde privados no Brasil. A partir de 1º de abril de 2026, pacientes diagnosticados com câncer de próstata e que tenham indicação médica poderão contar com cobertura integral de seus planos de saúde.

Essa medida integra-se a uma decisão anterior da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que reconheceu, em 2025, a técnica como viável e eficaz dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Para os pacientes — especialmente homens diagnosticados com câncer de próstata — isso representa um salto de acesso à tecnologia de ponta, antes restrita a poucos centros particulares. Para o sistema de saúde, significa um novo patamar de tratamento, com melhores resultados e mais padronização.

O que é a prostatectomia robótica — e por que ela representa avanço

A prostatectomia radical assistida por robô é uma cirurgia para a remoção da próstata (e tecidos associados, se indicado) com auxílio de um sistema robótico controlado por cirurgião. Esse sistema permite movimentos de alta precisão, visão tridimensional e manipulação delicada de estruturas internas — o que traz benefícios significativos ao paciente.

Principais vantagens:

  • Redução de sangramentos e menor necessidade de transfusões durante a cirurgia;
  • Menor trauma aos tecidos e órgãos vizinhos, reduzindo o risco de lesões e complicações;
  • Menor tempo de internação e recuperação mais rápida, o que facilita o retorno às atividades de rotina;
  • Melhores resultados funcionais, com maior preservação da continência urinária e da função sexual — aspectos fundamentais para a qualidade de vida pós-cirurgia;
  • Cortes menores e estética menos agressiva, comparados às técnicas tradicionais;
  • Potencial de menor custo a longo prazo, devido à redução de complicações, reintervenções e hospitalizações prolongadas.

Para muitos urologistas, a PRAR já é considerada o padrão-ouro no tratamento cirúrgico do câncer de próstata localizado ou localmente avançado.

Câncer de próstata no Brasil: o porquê da urgência

O câncer de próstata continua sendo o tumor maligno mais comum entre homens no Brasil — quando se excluem os casos de câncer de pele não melanoma. Segundo estimativas da Instituto Nacional de Câncer (INCA), o país deve registrar 71.730 novos casos por ano durante o triênio 2023-2025. Isso representa cerca de 30% de todos os casos de câncer em homens.

Além disso, uma parcela significativa dos diagnósticos ocorre em homens com mais de 65 anos, faixa etária na qual muitos já convivem com outras comorbidades. O risco da doença aumenta com a idade, e o diagnóstico precoce é frequentemente comprometido por fatores como desinformação, tabus, desconhecimento ou falta de acesso às consultas regulares.

Por outro lado, quando detectado em fases iniciais, o câncer de próstata tem chance de cura que pode chegar a até 98%, o que torna a combinação de prevenção, diagnóstico e tratamento adequado a principal estratégia para reduzir morbidade e mortalidade.

Infraestrutura atual e desafios para a expansão da robótica cirúrgica no país

Embora já existam plataformas robóticas em operação no Brasil — em hospitais públicos e privados — a oferta ainda é concentrada em grandes centros urbanos, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. A inclusão da técnica no SUS e agora a cobertura obrigatória pela ANS devem ser um estímulo para expansão da infraestrutura, aquisição de mais robôs e capacitação de equipes.

Ainda assim, alguns desafios precisam ser superados:

  • Distribuição desigual de equipamentos e centros habilitados, o que limita o acesso em regiões menos favorecidas;
  • Custo elevado de aquisição, manutenção dos robôs e treinamento das equipes cirúrgicas;
  • Curva de aprendizado para cirurgiões e equipe multidisciplinar — o que exige tempo, recursos e volume adequado de procedimentos;
  • Necessidade de protocolos, credenciamentos e estrutura hospitalar adequada, especialmente para garantir a segurança e qualidade do atendimento;
  • Barreiras de informação e cultura: muitos homens ainda resistem a exames de rotina ou só buscam atendimento quando os sintomas são evidentes, o que geralmente significa doença em estágio mais avançado.

Superar esses desafios será essencial para que a tecnologia beneficie o maior número possível de pessoas.

Quando a cobertura começa — e como garantir seu direito

  • A Conitec liberou a oferta da técnica pelo SUS em 2025, com prazo de até 180 dias para implementação.
  • A ANS incorporou oficialmente a prostatectomia robótica ao rol de cobertura obrigatória em dezembro de 2025.
  • A partir de 1º de abril de 2026, todos os planos de saúde deverão garantir a cobertura da PRAR, sempre que indicada clinicamente.
  • Caso um plano negue a cobertura depois dessa data — em condição adequada de indicação médica — a negativa poderá ser considerada indevida.

Prevenção e diagnóstico precoce: o complemento essencial da nova era

Apesar do avanço tecnológico, o maior aliado na luta contra o câncer de próstata continua sendo a detecção precoce. A adoção de exames regulares pode detectar tumores em estágio inicial, quando são mais tratáveis e o prognóstico é muito mais favorável.

Recomendações de saúde preventiva:

  • Homens a partir de 50 anos, ou 45 anos se houver histórico familiar ou fatores de risco (por exemplo, ascendência africana, obesidade, etc.), devem fazer acompanhamento com urologista regularmente;
  • Realizar exames como PSA (antígeno prostático específico) e, se indicado, exame físico (como o toque retal);
  • Em casos de risco aumentado, considerar exames complementares — como ressonância magnética multiparamétrica;
  • Estar atento a sintomas urinários ou alterações na saúde geral, e buscar orientação médica ao menor sinal;
  • Promover a conscientização e diálogo aberto sobre saúde masculina, quebrando tabus e incentivando o cuidado preventivo.

Essa combinação — de prevenção, diagnóstico e acesso a técnicas modernas de tratamento — oferece a melhor chance de controle da doença e preservação da qualidade de vida.

Impactos esperados para pacientes, sistema de saúde e sociedade

Para os pacientes:

  • Acesso ampliado a tratamento de ponta, com menos riscos, menos dor e melhor recuperação;
  • Maior chance de preservar funções importantes (continência, sexualidade), com qualidade de vida após o tratamento;
  • Redução de complicações e reintervenções, oferecendo segurança e tranquilidade.

Para o sistema de saúde:

  • Incentivo à modernização da infraestrutura hospitalar, com adoção de tecnologia de ponta;
  • Maior eficiência nos tratamentos oncológicos, com redução de internações longas e complicações;
  • Possibilidade de oferecer terapias avançadas de forma mais equitativa, inclusive fora dos grandes centros urbanos.

Para a sociedade:

  • Potencial para reduzir a mortalidade e as complicações associadas ao câncer de próstata;
  • Democratização do acesso à saúde de qualidade, independentemente da região ou plano de saúde;
  • Estímulo à cultura da prevenção e do cuidado com a saúde masculina — diminuindo o estigma e promovendo mais informação.

Conclusão e chamada à ação

A inclusão da cirurgia robótica para câncer de próstata nos planos de saúde representa um avanço histórico e transformador para pacientes, médicos e o sistema de saúde no Brasil. A partir de abril de 2026, esse tratamento de alta complexidade — mais eficaz, menos invasivo e com melhores resultados — estará disponível para quem dele necessitar.

Se você estiver na faixa etária de risco ou tiver histórico familiar, procure um urologista e informe-se sobre exames preventivos. E se houver indicação de cirurgia, lembre-se: a partir de 2026, seu plano de saúde deve cobrir a cirurgia robótica.

Compartilhe esta informação. A conscientização é o primeiro passo — e a prevenção pode salvar vidas.

Referências bibliográficas

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