Controle de infecções em saúde: práticas essenciais para higiene, assepsia e biossegurança

controle de infecções em saúde

O controle de infecções em saúde tornou-se um dos pilares mais importantes para a segurança de pacientes, profissionais e serviços de saúde. Em um cenário em que microrganismos evoluem rapidamente e novas doenças emergem, garantir práticas eficazes de higiene, assepsia e biossegurança não é apenas uma exigência normativa — é uma necessidade vital para prevenir danos, reduzir custos assistenciais e assegurar qualidade no cuidado.

Nos últimos anos, mudanças significativas nas políticas de vigilância, protocolos e recomendações oficiais reforçaram a necessidade de equipes treinadas, fluxos bem estruturados e medidas preventivas baseadas em evidências. Ao longo deste artigo, você vai compreender de maneira clara e prática os principais pilares do controle de infecções em saúde, incluindo conceitos essenciais, protocolos atualizados, medidas de prevenção, limpeza e desinfecção, gerenciamento de resíduos, EPIs, técnicas de assepsia, além de aplicações diretas na rotina assistencial.

Se você busca informações confiáveis, organizadas e baseadas em fontes oficiais para entender de forma completa como fortalecer a biossegurança no ambiente de saúde, este guia foi desenvolvido especialmente para você.

O que é controle de infecções em saúde?

O controle de infecções em saúde consiste no conjunto de ações sistematizadas que visam reduzir o risco de transmissão de agentes infecciosos dentro de serviços de saúde. Essa área envolve vigilância epidemiológica, protocolos assistenciais, treinamento de equipes e medidas estruturais que, quando aplicadas corretamente, diminuem a ocorrência das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS).

Principais objetivos do controle de infecções:

  • Prevenir transmissão cruzada entre pacientes e profissionais;
  • Reduzir incidência de infecções evitáveis;
  • Promover ambiente seguro e organizado;
  • Padronizar práticas de higiene, limpeza e esterilização;
  • Reduzir custos com internações prolongadas e antibióticos;
  • Garantir conformidade com normas sanitárias e legislação vigente.

2. Higiene e assepsia: fundamentos indispensáveis para o controle de infecções

A higiene e a assepsia são bases fundamentais para impedir a proliferação de microrganismos. Apesar de parecerem conceitos simples, sua aplicação correta requer técnica e padronização.

2.1 Higiene das mãos

Considerada a medida mais eficaz contra IRAS, deve ser realizada em cinco momentos essenciais definidos pela OMS:

  1. Antes de tocar no paciente
  2. Antes de procedimentos assépticos
  3. Após risco de exposição a fluidos corporais
  4. Após tocar o paciente
  5. Após contato com superfícies próximas ao paciente

A higiene pode ser feita com água e sabonete (quando há sujidade visível) ou preparação alcoólica (rotina geral).

Erros comuns que comprometem a técnica:

  • Esquecer de higienizar dorso dos dedos;
  • Tempo insuficiente (menos de 20–30 segundos);
  • Uso de adornos, como anéis e pulseiras;
  • Luvas sendo utilizadas como substituição da higienização.

2.2 Assepsia e antissepsia

  • Assepsia: conjunto de ações para impedir a entrada de microrganismos em áreas estéreis.
  • Antissepsia: aplicação de substâncias químicas capazes de reduzir microrganismos na pele.

Produtos mais utilizados:

  • Clorexidina 0,5% a 4%
  • PVPI
  • Álcool 70%
  • Soluções alcoólicas com triclosan

A escolha depende do tipo de procedimento, condição do paciente e protocolos institucionais.

3. Biossegurança aplicada à prática clínica

A biossegurança engloba ações, normas e condutas que têm como objetivo reduzir riscos biológicos, químicos, físicos e ergonômicos durante a assistência.

3.1 Uso correto de Equipamentos de Proteção Individual

Os EPIs são fundamentais no controle de infecções em saúde, porém seu uso inadequado compromete toda a cadeia de segurança.

Principais EPIs e suas indicações:

  • Luvas: contato com fluidos, mucosas e pele não íntegra;
  • Máscaras cirúrgicas: proteção contra gotículas;
  • N95/PFF2: aerossóis e procedimentos de risco;
  • Avental: respingos, secreções e isolamento;
  • Óculos ou protetor facial: risco de respingos;
  • Gorro: procedimentos cirúrgicos ou necessidade de barreira adicional.

3.2 Descarte e gerenciamento de resíduos

O procedimento segue RDC 222/2018 e deve contemplar segregação, identificação e destinação correta:

  • Grupo A: resíduos com risco biológico
  • Grupo B: substâncias químicas
  • Grupo C: rejeitos radioativos
  • Grupo D: resíduos comuns
  • Grupo E: materiais perfurocortantes

Boas práticas:

  • Não reencapar agulhas;
  • Descartar perfurocortantes imediatamente após uso;
  • Identificar recipientes com cores e símbolos padronizados;
  • Treinar equipes periodicamente.

4. Limpeza, desinfecção e esterilização: etapas essenciais do controle de infecções em saúde

Esses processos garantem que materiais e superfícies estejam livres de agentes infecciosos.

4.1 Tipos de limpeza

Limpeza concorrente

Realizada diariamente com foco nas superfícies mais tocadas: grades, mesas, maçanetas, bombas de infusão.

Limpeza terminal

Mais profunda, realizada após alta, óbito ou transferência, incluindo paredes, pisos, equipamentos e mobiliário.

4.2 Desinfecção

Pode ser:

  • Baixo nível: quaternários de amônio, álcool 70%;
  • Médio nível: soluções com glicóis ou compostos fenólicos;
  • Alto nível: glutaraldeído, ácido peracético.

4.3 Esterilização

Empregada para materiais críticos, especialmente no centro cirúrgico.

Métodos comuns:

  • Vapor saturado sob pressão (autoclave)
  • Óxido de etileno
  • Plasma de peróxido de hidrogênio
  • Radiação

5. Medidas práticas para fortalecer o controle de infecções em saúde

5.1 Treinamento contínuo das equipes

A atualização constante é essencial, contemplando:

  • Novas normas da Anvisa
  • Protocolos de isolamento
  • Técnicas de paramentação e desparamentação
  • Cuidados com dispositivos invasivos

5.2 Protocolos assistenciais padronizados

Reduzem variabilidade e aumentam segurança. Devem incluir:

  • Higiene das mãos
  • Manejo de cateteres
  • Prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica
  • Prevenção de infecção de sítio cirúrgico

5.3 Monitoramento e vigilância epidemiológica

Permite identificar surtos, acompanhar taxas e corrigir falhas rapidamente.

FAQ — Perguntas frequentes sobre controle de infecções em saúde

1. Qual é a principal medida para prevenir infecções em ambientes de saúde?
A higiene das mãos é a medida mais eficaz e reconhecida mundialmente.

2. Quais EPIs são obrigatórios em procedimentos com risco biológico?
Luvas, máscara, avental e proteção ocular, dependendo do tipo de procedimento.

3. Como diferenciar limpeza de desinfecção?
Limpeza remove sujidade; desinfecção reduz a carga microbiana.

4. O uso de luvas substitui a higienização das mãos?
Não. A higienização deve ser realizada antes e após o uso das luvas.

5. Quais são os resíduos do grupo A?
Materiais contaminados com sangue, fluidos corporais, culturas e tecidos.

6. O que é IRAS?
Infecção Relacionada à Assistência à Saúde, adquirida durante cuidados assistenciais.

7. Toda área do hospital precisa de limpeza terminal?
Sim, após alta ou transferência de pacientes, conforme protocolo.

Conclusão

O controle de infecções em saúde é um compromisso permanente com a qualidade e a segurança da assistência. Mais do que um conjunto de regras, é uma cultura baseada em responsabilidade profissional, atualização contínua e práticas padronizadas que salvam vidas. Quando equipes aplicam corretamente a higiene das mãos, utilizam EPIs adequados, realizam limpeza e esterilização eficazes e seguem protocolos baseados em evidências, o risco de infecções cai drasticamente.

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Referências Bibliográficas

  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
  • Ministério da Saúde – Brasil.
  • Organização Mundial da Saúde (OMS).
  • Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
  • RDC 222/2018 – Gerenciamento de Resíduos.
  • Manual de Segurança do Paciente – MS.

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