Como medir a sonda nasoenteral: atualizações essenciais para a prática clínica

Como medir a sonda nasoenteral

Saber como medir a sonda nasoenteral corretamente é uma das etapas mais importantes para garantir segurança, eficácia e prevenção de complicações na terapia nutricional enteral. Embora essa técnica seja amplamente utilizada em hospitais e unidades de longa permanência, muitas práticas tradicionais vêm sendo revisadas à luz de novas evidências científicas. O método clássico NEX (nariz–orelha–xifoide), por exemplo, tem sido gradualmente substituído em várias instituições após estudos demonstrarem limitações relevantes em sua precisão.

Nos últimos anos, organismos internacionais, pesquisadores e equipes de enfermagem têm direcionado atenção especial à mensuração adequada da SNE. Isso ocorre porque um cálculo impreciso do comprimento da sonda pode resultar em posicionamento inadequado, risco de broncoaspiração, refluxo, desconforto e até perfuração. Assim, compreender as atualizações, os métodos recomendados e os fundamentos por trás dessas mudanças se tornou indispensável para quem atua na assistência.

Neste artigo, você vai aprender o que mudou na mensuração da sonda nasoenteral, as diferenças entre os métodos existentes, como aplicar a técnica NEMU na prática, quais são as recomendações atuais de segurança e os motivos pelos quais o posicionamento deve ser sempre verificado. Tudo de forma clara, atualizada, com linguagem acessível e embasamento técnico confiável.

1. Por que a mensuração da SNE mudou?

Durante décadas, profissionais de saúde utilizaram exclusivamente o método NEX (Nose–Ear–Xiphoid) para verificar o comprimento adequado da sonda antes da introdução. No entanto, estudos recentes demonstraram que esse método pode superestimar ou subestimar a profundidade de inserção. Isso significa que, dependendo do biotipo do paciente, a extremidade distal pode não alcançar o estômago adequadamente, permanecendo no esôfago — o que aumenta consideravelmente o risco de complicações respiratórias e broncoaspiração.

1.1 – Evidências que influenciaram a mudança

Pesquisas comparando diferentes técnicas mostraram que:

  • O método NEX pode falhar em prever o comprimento ideal em até 20% dos casos.
  • O posicionamento esofágico é mais comum quando somente o NEX é utilizado.
  • Métodos que consideram estruturas anatômicas mais inferiores tendem a ser mais precisos.

Essas descobertas levaram instituições e autores a reavaliar o método tradicional, abrindo espaço para alternativas mais seguras, como a técnica NEMU.

2. Método NEX: limites e riscos da técnica tradicional

O método NEX consiste em medir:

  1. Da ponta do nariz até o lóbulo da orelha;
  2. Do lóbulo da orelha até o apêndice xifoide.

Embora amplamente conhecido, ele apresenta limitações importantes:

2.1 Por que o NEX não é mais considerado ideal?

  • Pode levar a inserção insuficiente, deixando a ponta da sonda no esôfago.
  • Não leva em conta a curvatura anatômica do trato gastrointestinal, que pode variar.
  • Estudos sugerem risco aumentado de mal posicionamento silencioso — quando a sonda não chega ao estômago, mas o profissional acredita que sim.
  • Em crianças, o NEX pode resultar em imprecisão ainda maior, pois a distância torácica não acompanha proporcionalmente o crescimento corporal.

Apesar disso, o NEX continua sendo utilizado em muitos serviços, reforçando a importância de atualização profissional contínua.

3. Método NEMU: a atualização mais aceita para medir a sonda nasoenteral

A técnica que vem ganhando destaque é o método NEMU (Nose–Ear–Mid-Umbilicus). Ele consiste em medir:

  • Da ponta do nariz até o lóbulo da orelha;
  • Do lóbulo da orelha até a linha média entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical.

Essa adaptação considera uma estimativa mais realista do trajeto da sonda até o estômago.

3.1 Vantagens comprovadas do NEMU

  • Maior assertividade no alcance gástrico.
  • Menor probabilidade de posicionamento no esôfago.
  • Melhor correspondência ao trajeto fisiológico da sonda.
  • Menos desconforto durante a administração nutricional.
  • Redução de eventos adversos relacionados a refluxo e broncoaspiração.

3.2 Quando utilizar o método NEMU?

Ele é recomendado para:

  • Adultos em uso de sonda para nutrição.
  • Pacientes pediátricos, especialmente lactentes.
  • Situações em que se deseja maior segurança sem depender exclusivamente de radiografia.

4. Passo a passo atualizado: como medir a sonda nasoenteral com segurança

A seguir, um guia prático para aplicar corretamente o método atualizado.

4.1 Materiais necessários

  • Sonda nasoenteral (diâmetro conforme protocolo da instituição).
  • Luvas de procedimento.
  • Caneta marcadora estéril.
  • Fita métrica ou régua flexível.
  • Lubrificante solúvel em água.

4.2 Etapas da mensuração

Posicione o paciente sentado ou em cabeceira elevada (mínimo 30°).

Meça da ponta do nariz até o lóbulo da orelha.

Meça do lóbulo da orelha até o ponto médio entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical.

Some as duas medidas e marque a sonda com a caneta estéril.

Realize a introdução conforme protocolo.

Após inserida, verifique imediatamente o posicionamento.

5. Como verificar o posicionamento da sonda nasoenteral

Medir corretamente é fundamental, mas não substitui a confirmação do posicionamento.

5.1 Métodos recomendados

  • Radiografia abdominal ou torácica: padrão-ouro.
  • Análise do conteúdo gástrico: observação de pH < 5 em muitos casos.
  • Avaliação clínica combinada: retorno de secreção, ausência de tosse ou desconforto respiratório.

5.2 Métodos não recomendados

  • Ausculta com ar (método do borbulhamento): não é seguro, não distingue pulmão/estômago.
  • Uso exclusivo de sinais clínicos: pode gerar falsa sensação de segurança.

6. Boas práticas e recomendações atuais

  • Realize capacitações periódicas na equipe.
  • Padronize o método de mensuração dentro da instituição.
  • Registre medidas, marcações e confirmações no prontuário.
  • Observe sinais de desconforto ou tosse durante a introdução.
  • Utilize sempre luvas e técnica asséptica.
  • Em casos duvidosos, sempre confirme com raio-X.

7. FAQ — Perguntas Frequentes sobre a Mensuração da SNE

1. O método NEX ainda pode ser usado?

Pode, mas não é o mais recomendado. Métodos como o NEMU apresentam maior precisão.

2. Por que medir a sonda antes de inserir?

Para garantir que a extremidade alcance o estômago e evitar posicionamento indevido.

3. A técnica é a mesma para adultos e crianças?

Em pediatria, o NEMU tem ainda mais vantagem, devido à variação anatômica.

4. Preciso confirmar o posicionamento mesmo medindo corretamente?

Sim. A mensuração não substitui métodos de confirmação, como radiografia.

5. A ausculta com ar é confiável?

Não. Esse método está obsoleto e não diferencia posicionamento pulmonar.

6. Posso usar fita métrica comum para medir a sonda?

Sim, desde que esteja limpa e em boas condições.

7. O NEMU serve para sondas pós-pilóricas?

Parcialmente. Para inserção avançada, outras técnicas complementares são necessárias.

Conclusão

Compreender como medir a sonda nasoenteral de acordo com as atualizações mais recentes é essencial para reduzir riscos, aumentar a precisão clínica e garantir a segurança do paciente. O método NEMU vem se consolidando como a alternativa mais confiável ao NEX, oferecendo melhores resultados em diferentes perfis de pacientes.

A incorporação dessas práticas, aliada à verificação adequada do posicionamento, fortalece a assistência de enfermagem e melhora a qualidade da terapia nutricional enteral. A atualização contínua é fundamental para assegurar que cada etapa seja realizada com excelência.

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Referências

American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN).
British Association for Parenteral and Enteral Nutrition (BAPEN).
European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN).
Ministério da Saúde – Protocolos de Segurança do Paciente.
National Health Service (NHS) – Enteral Feeding Guidelines.
Sociedade Brasileira de Nutrição Enteral e Parenteral (BRASPEN).

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