Novas Metas de Colesterol: O Guia Completo da SBC

As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo. Dentro desse cenário, o controle do colesterol, em especial o LDL-C (o chamado “colesterol ruim”), emerge como uma das estratégias mais eficazes e urgentes para prevenir eventos como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Por isso, a chegada da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2025, promovida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), representa um marco crucial na saúde pública nacional.

Se você está buscando informações atualizadas e confiáveis para entender como essas mudanças afetam seus exames e seu plano de saúde, este artigo é o seu guia definitivo. As Novas Metas de Colesterol trazem um olhar mais agressivo e, consequentemente, mais protetor contra a progressão silenciosa da aterosclerose. Elas redefinem os patamares de “saudável” e criam categorias de risco inéditas, como o “Risco Extremo”, exigindo uma ação médica mais intensa e precoce em determinados grupos.

Ao longo deste guia, você compreenderá as novas faixas de risco, conhecerá os números de LDL-C, não-HDL-C e outros marcadores que agora orientam o tratamento e descobrirá as abordagens terapêuticas mais modernas recomendadas. O objetivo é transformar a complexidade de uma diretriz técnica em informação clara e prática, empoderando você a ter uma conversa mais informada com seu médico sobre a sua saúde cardiovascular.

A Revolução da Estratificação de Risco Cardiovascular no Brasil

A mudança mais profunda trazida pela Diretriz Brasileira de Dislipidemias 2025 não está apenas nos números, mas na forma como o risco é calculado. Anteriormente, a avaliação de risco cardiovascular em 10 anos era a principal métrica. Agora, a SBC adota uma abordagem mais detalhada e categórica, reconhecendo que o risco é um contínuo que deve ser monitorado e reavaliado ao longo da vida. Essa precisão é essencial, pois o tratamento — e as Novas Metas de Colesterol 2025 — é totalmente moldado pela categoria de risco do paciente.

A Inclusão da Categoria de Risco Extremo

A grande novidade na estratificação é a criação da categoria de Risco Extremo. Este grupo é composto por pacientes que já sofreram múltiplos eventos cardiovasculares maiores, ou que, apesar de um tratamento otimizado com as terapias convencionais (estatinas), persistem com níveis de LDL-C elevados (por exemplo, acima de 100 mg/dL) ou possuem fatores de altíssimo risco, como hipercolesterolemia familiar grave. Indivíduos que se enquadram no Risco Extremo têm uma probabilidade muito alta de um novo evento em um curto espaço de tempo e, por isso, necessitam das metas mais rigorosas e da intervenção medicamentosa mais intensa possível.

A diretriz também reforça os critérios para os outros níveis:

  • Risco Baixo: Indivíduos jovens e sem fatores de risco tradicionais.
  • Risco Intermediário: Pessoas com poucos fatores de risco e chance moderada de eventos.
  • Risco Alto: Pacientes com diabetes, doença renal crônica ou múltiplos fatores de risco (tabagismo, hipertensão etc.).
  • Risco Muito Alto: Pacientes que já tiveram um único evento cardiovascular (infarto ou AVC) ou doença aterosclerótica documentada, mas ainda sem a complexidade do risco extremo.

Escore PREVENT: Uma Avaliação Mais Precisa

Para refinar essa estratificação, a nova diretriz incentiva a utilização de calculadoras de risco mais modernas, como o Escore PREVENT (Prediction for Cardiovascular Events). Diferente de ferramentas antigas, que focavam apenas em infarto e AVC em 10 anos, o PREVENT adota uma visão mais ampla, incorporando variáveis como função renal, índice de massa corporal (IMC) e, em alguns contextos, estimando o risco em 30 anos (risco de vida).

Essa precisão na avaliação de risco é crucial. Por exemplo, uma mulher de 45 anos que antes era classificada como Risco Baixo pode, ao ter seu risco recalculado pelo PREVENT e outros marcadores como a Lipoproteína(a), ser reclassificada como Risco Intermediário ou até Alto, justificando a adoção imediata de terapias para atingir as Novas Metas de Colesterol 2025 e prevenir problemas futuros.

Novas Metas de Colesterol LDL: A Exigência de Níveis Mínimos

O Colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade) é o principal alvo do tratamento, pois é a partícula responsável por depositar gordura na parede das artérias, formando as placas de aterosclerose. A grande mensagem da diretriz 2025 é clara: quanto mais baixo o LDL-C, melhor. As metas ficaram mais rígidas em quase todas as categorias, refletindo um consenso científico global de que níveis de colesterol antes considerados aceitáveis já não são suficientes para proteger o coração de pacientes de alto risco.

Categoria de Risco CardiovascularMeta de LDL-C na Diretriz 2025Meta Anterior (Diretriz 2017)
Baixo Risco< 115 mg/dL< 130 mg/dL
Risco Intermediário< 100 mg/dL< 100 mg/dL
Alto Risco< 70 mg/dL< 70 mg/dL
Muito Alto Risco< 50 mg/dL< 70 mg/dL
Risco Extremo (Nova Categoria)< 40 mg/dLNão Existia

Desafio de Atingir < 40 mg/dL

A meta de LDL-C abaixo de 40 mg/dL para pacientes de Risco Extremo ilustra o nível de intervenção necessário para esse grupo. Para a maioria das pessoas, esse valor era impensável há alguns anos. Ele reforça a premissa de que, em pacientes que já tiveram a vida ameaçada por eventos cardiovasculares recorrentes, é preciso “limpar” ao máximo os vestígios aterogênicos na corrente sanguínea.

A redução da meta de 70 mg/dL para 50 mg/dL (Risco Muito Alto) é outro ponto de atenção vital. Se você teve um infarto, por exemplo, a sua meta não é mais 70. Você precisará de um esforço terapêutico maior para atingir a meta de 50 mg/dL e garantir maior proteção.

Além do LDL: Novos Marcadores de Risco Aterogênico

Embora o LDL-C seja a estrela, a Diretriz Brasileira de Dislipidemia 2025 expandiu o foco para outros marcadores de partículas aterogênicas — aquelas que comprovadamente formam placas nas artérias. O colesterol não é um composto único; ele viaja em “pacotes” chamados lipoproteínas, e a nova diretriz reconhece que ter uma visão completa dessas partículas aumenta a precisão do diagnóstico e do tratamento.

Não-HDL-c: O Colesterol “Totalmente Ruim”

O Colesterol Não-HDL (não-HDL-c) passou a ser considerado uma meta secundária de grande importância, especialmente porque não exige jejum para ser calculado. Ele representa todo o colesterol transportado em partículas que causam aterosclerose, incluindo o LDL-C e as lipoproteínas ricas em triglicérides. O cálculo é simples: Colesterol Total – HDL-C.

As metas de Não-HDL-c na nova diretriz são tipicamente 30 mg/dL mais altas que as metas de LDL-C.

  • Risco Extremo: Meta de Não-HDL-c < 70 mg/dL
  • Risco Muito Alto: Meta de Não-HDL-c < 80 mg/dL

Para muitos pacientes, o Não-HDL-c é um marcador até mais completo do risco, e sua dosagem regular é altamente recomendada.

Lipoproteína(a) (Lp(a)): O Fator de Risco Genético

A diretriz de 2025 estabeleceu o consenso: a dosagem da Lipoproteína(a) (Lp(a)) deve ser feita pelo menos uma vez na vida adulta para auxiliar na estratificação de risco, independentemente dos níveis de LDL-C. A Lp(a) é um fator de risco cardiovascular hereditário (genético) e independente. Níveis elevados (geralmente acima de 50 mg/dL ou 75 nmol/L) podem reclassificar um paciente de Risco Intermediário para Alto, mesmo com um LDL-C considerado baixo. Embora ainda não haja uma terapia farmacológica aprovada para reduzir a Lp(a) de forma drástica, o conhecimento de seu nível permite uma abordagem preventiva muito mais intensa no controle dos outros fatores de risco.

ApoB: O Número de Partículas

A Apolipoproteína B (ApoB) é considerada a meta secundária mais fidedigna, pois cada partícula aterogênica (LDL, VLDL, IDL) contém exatamente uma molécula de ApoB. Em essência, a dosagem de ApoB quantifica o número de “veículos” que estão transportando colesterol para as artérias. Para pacientes em Risco Extremo, a diretriz estabelece uma meta de ApoB < 50 mg/dL, reforçando a ideia de que o tratamento precisa reduzir o número de partículas perigosas, e não apenas a quantidade de colesterol nelas contida.

Tratamento da Dislipidemia: Terapias Combinadas e Inovação

A nova diretriz é enfática: para os pacientes de Alto, Muito Alto e, principalmente, de Risco Extremo, o tempo é crucial. O conceito de “titular a dose” de uma estatina por meses, antes de adicionar outro medicamento, está sendo substituído pela recomendação de iniciar o tratamento com terapia combinada precoce quando as metas são extremamente baixas.

O Arsenal Terapêutico

  1. Estatinas: Continuam sendo a base e a primeira linha de tratamento, devido à sua eficácia comprovada na redução do LDL-C e de eventos cardiovasculares. Para as categorias de risco mais elevadas, as estatinas de alta potência (Rosuvastatina, Atorvastatina) são mandatórias.
  2. Ezetimiba: O segundo passo na terapia combinada. Ao inibir a absorção de colesterol no intestino, a Ezetimiba, em associação com estatinas, consegue um efeito de redução de LDL-C de até 60%. É uma combinação muito valorizada para atingir a meta de < 50 mg/dL.
  3. Inibidores de PCSK9: Representam o tratamento mais potente disponível hoje. Essa classe de medicamentos (administrados por injeção subcutânea) é capaz de reduzir o LDL-C em até 60% sozinha ou em até 85% quando adicionada à terapia com estatina e ezetimiba (terapia tripla). Eles são reservados para pacientes de Risco Muito Alto e Extremo que não atingem a meta mesmo com a terapia oral máxima.
  4. Ácido Bempedoico: Uma novidade mais recente, este medicamento oral atua inibindo a produção de colesterol no fígado de forma diferente das estatinas. É uma opção para complementar a redução do LDL-C e é valorizado por ser muito bem tolerado por pacientes com intolerância muscular às estatinas.

A adoção da terapia tripla (Estatina + Ezetimiba + Inibidor de PCSK9) permite que os médicos abordem o Risco Extremo e atinjam a meta de LDL-C menor que 40 mg/dL. Essa agressividade terapêutica, baseada em evidências sólidas, é a chave para prolongar a vida e reduzir a morbidade nesse grupo de pacientes.

Estilo de Vida: A Base Permanente da Prevenção Cardiovascular

É vital ressaltar que, mesmo com as inovações farmacológicas, o estilo de vida continua sendo a espinha dorsal de qualquer plano de tratamento. A diretriz 2025 mantém a ênfase na modificação de hábitos como medida fundamental e inegociável, para todos os pacientes, independentemente de sua categoria de risco.

  • Alimentação: A diretriz reforça a importância do padrão alimentar saudável, como a dieta do Mediterrâneo ou a DASH. O foco é em alimentos frescos, ricos em fibras (frutas, vegetais, grãos integrais), e na redução da ingestão de gorduras saturadas e trans, açúcares e alimentos ultraprocessados.
  • Atividade Física: A recomendação é clara: 150 minutos por semana de atividade física aeróbica de intensidade moderada (como uma caminhada rápida) ou 75 minutos de atividade de intensidade vigorosa (como corrida).
  • Controle do Peso e Tabagismo: O controle da obesidade (principalmente a abdominal) e a cessação absoluta do tabagismo são destacadas como as intervenções de estilo de vida de maior impacto na redução do risco cardiovascular e no auxílio para que as Novas Metas de Colesterol 2025 sejam atingidas de forma mais eficaz.

Seção de Perguntas Frequentes (FAQ)

O que mudou nas Novas Metas de Colesterol de 2017 para 2025?

A principal mudança é o endurecimento das metas de LDL-C (colesterol ruim) para pacientes de alto risco e a criação da categoria de Risco Extremo. Pacientes de baixo risco tiveram sua meta reduzida de < 130 mg/dL para < 115 mg/dL, e os de Risco Muito Alto, de < 70 mg/dL para < 50 mg/dL. O Risco Extremo estabelece uma meta de < 40 mg/dL, que não existia antes.

O que significa “Risco Extremo” na nova diretriz?

Risco Extremo é uma nova categoria que engloba pacientes que já sofreram múltiplos eventos cardiovasculares (dois ou mais infartos/AVCs), ou aqueles com doença cardiovascular muito avançada e LDL-C persistentemente alto. Para este grupo, a meta de LDL-C é a mais baixa de todas: inferior a 40 mg/dL.

O que é Colesterol Não-HDL e por que ele é importante?

O Colesterol Não-HDL é o Colesterol Total menos o HDL-C (o colesterol bom). Ele representa a soma de todas as partículas de colesterol “ruim” que causam aterosclerose, incluindo LDL e triglicérides. É uma meta secundária essencial, pois oferece uma visão mais completa do risco e pode ser medido sem a necessidade de jejum.

Preciso de jejum para dosar o colesterol?

A diretriz 2025 reforça que, para a maioria das dosagens, incluindo o LDL-C calculado (quando os triglicérides estão baixos) e o Não-HDL-C, o jejum não é estritamente necessário. O jejum de 12 horas é preferível, mas opcional. Entretanto, para dosar os triglicérides e fazer a avaliação completa, o jejum ainda pode ser recomendado pelo seu médico.

Quais são os principais remédios indicados nas Novas Metas de Colesterol 2025?

A primeira linha continua sendo as estatinas (de alta potência), frequentemente combinadas com a Ezetimiba. Para pacientes de Risco Muito Alto e Extremo, que não atingem as Novas Metas de Colesterol 2025 com a terapia oral, são indicados medicamentos de alto impacto como os Inibidores de PCSK9 ou o Ácido Bempedoico, muitas vezes em terapia tripla (estatina + ezetimiba + terceiro agente).

Como posso saber em qual categoria de risco me encaixo?

Sua categoria de risco é definida pelo seu médico, que considerará: histórico pessoal (se já teve infarto/AVC), presença de diabetes, hipertensão, tabagismo, idade, função renal e, em alguns casos, o resultado de escores de risco como o PREVENT. A Lipoproteína(a) também pode ser usada como fator de reclassificação.

Conclusão

As Novas Metas de Colesterol 2025 da Sociedade Brasileira de Cardiologia não são apenas uma mudança de números; são um reflexo do avanço da ciência que nos permite ser mais ambiciosos na proteção do coração. O endurecimento das metas, a introdução do Risco Extremo e a valorização de novos marcadores como o Não-HDL-c e a Lipoproteína(a) sinalizam uma era de medicina mais personalizada, precisa e agressiva contra a aterosclerose.

A principal lição é que o controle do colesterol é um projeto de vida, e não um tratamento temporário. Se você se enquadra nas categorias de risco mais elevadas, é fundamental conversar com seu cardiologista ou endocrinologista sobre como atingir o seu novo alvo de LDL-C, que pode ser < 50 mg/dL ou até < 40 mg/dL. Lembre-se, cada miligrama reduzido de LDL-C é uma camada de proteção a mais contra infarto e AVC.

A saúde cardiovascular do futuro passa por um compromisso diário com o estilo de vida saudável e, para muitos, pela adesão rigorosa aos tratamentos recomendados. Não espere um evento grave: tome as rédeas da sua saúde hoje e comece a traçar o caminho para atingir suas Novas Metas de Colesterol 2025.

Quer estar sempre por dentro das novidades, dicas, notícias e tendências da área da saúde? Então você PRECISA fazer parte do nosso canal no WhatsApp! Clique para se inscrever!

Referências Bibliográficas

  1. Rached FH, Miname MH, Rocha VZ, Zimerman A, Cesena FHY, Sposito AC, et al. Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2025. Arq Bras Cardiol. 2025; 122(9):e20250640.
  2. Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Atualização das Diretrizes Brasileiras de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, 2025.
  3. American Heart Association (AHA). Escore PREVENT.
  4. Novabrasil FM. Nova Diretriz Brasileira de Dislipidemia 2025 traz novas metas e classificação de risco. Publicação online de 19.09.2025.
  5. InfoMoney. Nova regra traz metas mais rigorosas para colesterol e cria categoria “risco extremo”. Publicação online de 24/09/2025.

Deixe um comentário